Wonka - O problema é a época e o conceito impresso.
O diretor Paul King disse sobre o filme Wonka, que:
“Eu não queria reinventar essas coisas, porque o filme de 1971 criou esses visuais incrivelmente duradouros e icônicos. O que eu queria para este filme era ser como uma peça complementar àquele filme. Se você imaginar aquelas pessoas naquele mundo 25 anos antes, esse foi o meu processo inicial. Eventualmente, ele se tornaria aquela pessoa e teria aquela fábrica.”
Ok, filme de 1971. Então a história, preâmbulo ou prelúdio, se passa no ano de 1946.
Diretor dirige e ambienta. Tudo bem.
Tá bom... Eu conheço história e ninguém me enrola! Estou falando de como a sociedade era na época da ambientação da película, e exclusivamente sobre isso. Em 1946 nem havia começado o Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos! A Ku klux kan (esse nome me dá mais medo que a gestapo, porque ninguém foi punido!) imperava, matando como bem queriam com apoio das autoridades locais!
Neste mesmo ano, houve um protesto em Washington, contra linchamentos no Sul do país (EUA). Detalhe, a marcha foi realizada por afrodescendentes norte-americanos!
-> Abrindo parêntesis para Madam C.J. Walker, que enriqueceu com a fórmula que criou para shampoos tendo uma fábrica no Caribe, além da dos EUA. Mas a sociedade a recebia por causa de sua fortuna. Lamentavelmente. <-
Prosseguindo para ver a seriedade dos problemas naquela época... Vamos em frente!
Na Inglaterra, em 1948, o sistema do Apartheid implementado na África do Sul pelo então primeiro-ministro, Daniel François Malan, após uma crescente ação contra aqueles que não constituíam a minoria branca (incluindo nesta segregação, além das populações do reino, territórios na África, dos aborígenes, na Austrália e Nova Zelândia, além dos povos asiáticos e indianos).
Não bastando, ainda houveram os distúrbios raciais de 1958 em Notting Hill.
E no mês de março deste ano de 2023, um relatório oficial concluiu que a polícia de Londres é racista, misógina e homofóbica.
Os Estados Unidos não estão em condição melhor... Todo o mundo assistiu pelos telejornais as atitudes e o massacre que deu origem ao movimento Black Lives
Matter (Vidas Negras Importam).
Aí vem um musical anglo-americano dizendo que era tudo lindo, divino e maravilhoso, além de rasgar uma história de lutas, que ainda não acabou!
O enfoque do filme deveria ser outro. Creio que seria melhor mostrar a luta dessas pessoas para conquistar seu lugar ao sol, servindo de exemplo para a sociedade.
Mas isso não interessa... O interessante é fantasiar e aumentar a "caixinha" dos estúdios cinematográficos sem apontar o que é histórico. Perdeu-se a grande chance de educar e conscientizar pessoas em formação e adultas...
Parece à quem vê, que o racismo nunca existiu nessa época e nesses países que estão mostrando uma condição igualitária, o que não havia. Que era tudo perfeito e igual para todos.
Aliás, nem há hoje em dia! Pleno 2023 (quase 24) e os absurdos prosseguem! Me poupe!
Nada está lindo, divino e maravilhoso! Fizessem uma história atemporal, ora bolas!
Querer vender uma ideia falsa tendo por base uma época de profundas injustiças, é para mim, muito duro de assistir! O que me interessava, pelo que soube não foi abordado nem de longe. Mais um mero entretenimento não me atrai a atenção.