quinta-feira, 31 de março de 2022

Economia

Já que hoje é 31 de março, vamos falar de economia...


Sem dúvida, a dívida pública está entre uma das piores heranças que recebemos da ditadura militar. E mesmo quase 60 anos depois, esse tipo de dívida parece ter se tornado uma "instituição" da nossa república.


O Sistema da Dívida tal qual opera hoje ( com a submissão ao sistema financeiro internacional, apoio dos veículos de comunicação e sob o escudo da falta de transparência ) começou a ser implementado no período de 1964 a 1985. Para quem acha que o custo de vida era excelente naqueles tempos, fique sabendo: não era. Poucos tinham um telefone fixo e era uma fortuna adquirí-lo. Alguns abastados alugavam suas linhas telefônicas e recebiam em média um salário-mínimo do locatário que ainda pagava uma conta pesada.


A especulação era grande. Os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. Violência? Existia sim! Assaltos não são crimes dos dias atuais e os grandes homicídios aconteciam até na classe média alta ( Caso Lu, Caso Cláudia, Caso Angela dentre outros tantos ), havia o esquadrão da morte e depois os justiceiros como os famosos Mão Branca e Anjo Negro. Mas vamos de volta a economia...


Em 1964 a dívida externa brasileira somava US$ 3,294 bilhões e, em 1985 totalizava US$ 105,171 bilhões, ou seja, cresceu 32 vezes durante a presidência dos militares.


Os contratos firmados pelos militares com bancos, principalmente norte-americanos, possibilitaram o ingresso no Brasil de dólares sem lastro devido à quebra do acordo de paridade do dólar com o ouro em 1971, de forma unilateral pelo presidente dos EUA e ainda a cobrança de juros flutuantes ( prática considerada crime por acordos internacionais como a Convenção de Viena de 1969 ). O aumento das taxas de juros desses contratos de cerca de 5% para mais de 20% no final dos anos 1970 impactou a crise de diversos países nos anos 1980, inclusive do Brasil.


Obras de infraestrutura realizadas no período também permitiram o aumento da exploração das riquezas naturais brasileiras por países estrangeiros.


Nem mesmo a CPI da Dívida realizada na Câmara dos Deputados entre 2009 e 2010 teve acesso a todos os documentos que comprovassem a origem e aplicação dos recursos oriundos da dívida contraída pelos militares. E, se em algum momento houveram  fraudes, ilegalidades e corrupção, isso contaminou todo o restante da dívida, na medida em que foram feitos refinanciamentos e geração de novas dívidas para pagamento das anteriores. 


Nesse sistema a divida pública cresceu e deu frutos. Não há sistema perfeito para quem imagina o contrário. É importante que o brasileiro conheça sua história, entenda como o seu país atravessou cada período. Contos da Carochinha são para crianças... Jovens e adultos precisam ser realistas! Nossa história pode ser pouco gloriosa no contexto geral, mas não deixa de ser importante, pois, quando usamos a visão analítica em detrimento de fatos passados que resultaram em péssimas consequências, temos menos chances de repetí-los no futuro.


* Postado originalmente no meu perfil no Facebook, em 31/03/2021.



domingo, 13 de março de 2022

Pantanal. Remake nem pensar!

 Pantanal vai ter remake. Não gosto de remake. Imagina o remake literário de Otelo! Impossível, não é mesmo? O que a maioria esquece é que telenovela é novela. Novela é um gênero literário. Se você adultera vira plágio, mas em nome da audiência todos esquecem disso. Remake significa refazer, e dá a impressão de corrigir alguma coisa... Historicamente e geograficamente, cabe analisar outra questão: na época da novela original (1990) o Mato Grosso precisava de estímulo para o turismo. O Mato Grosso do Sul passou a existir em 77 e estava com 13 anos de criação. O próprio brasileiro desconhecia essa área, apenas era uma referência didática nas escolas, nada além. Com a proximidade da ECO 92 era necessário mostrar os biomas para brasileiros e estrangeiros. Foram muitos os interesses, e a Rede Manchete foi impecável na produção, atendendo a todos eles. Hoje fica sem sentido muitos detalhes, pois não existe a necessidade do boiadeiro como outrora. Coreiros são alvo de punição e praticamente desapareceram, fatos que as novas gerações desconhecem. Quando a novela é um registro de uma época, é um desrespeito fazer um remake. Assim penso eu...